Apesar de a pandemia ter trazido à tona a necessidade de cuidarmos da saúde mental no trabalho e de existirem campanhas de conscientização ao longo do ano, como a Janeiro Branco, o tema ainda é um tabu em muitas empresas.
Falar sobre saúde mental é abordar a forma como reagimos às cobranças da vida e de como harmonizamos o nosso desejo e as nossas capacidades. Como estão nossas emoções e humor?
Atualmente, o Brasil tem o terceiro pior índice de saúde mental dentro de um ranking com 64 países, à frente apenas do Reino Unido e da África do Sul. Os dados são do relatório anual do Estado Mental do Mundo, divulgado em março pela Sapien Labs.
Mas já figuramos em primeiro lugar no ranking dos transtornos mentais, em estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No âmbito do trabalho, onde há pressão por desempenho e performance — naturalmente estressante —, a saúde mental sofre grande impacto. Estafa, ansiedade, depressão, insônia e outros problemas podem se manifestar.
De acordo com o Ministério da Saúde, transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho são gerados a partir da interação de contextos de trabalho com o corpo e o aparato psíquico dos trabalhadores.
Esses contextos de trabalho são geradores de sofrimento. Entre eles estão:
– Falta de trabalho ou a ameaça de perda de emprego;
– Trabalho desprovido de significado e sem reconhecido;
– Situações de fracassos, acidente de trabalho ou mudança na posição hierárquica;
– Ambientes repressivos;
– Fatores relacionados ao tempo, o ritmo e o turno de trabalho;
– Jornadas longas de trabalho, ritmos intensos ou monótonos, submissão do trabalhador ao ritmo das máquinas;
– Pressão por produtividade;
– Níveis altos de concentração somados com o nível de pressão exercido pela organização do trabalho e a vivência de acidentes de trabalho traumáticos.
A hora de despertar para o assunto está passando. Pesquisa da Oracle feita em 11 países mostrou que 76% dos funcionários consideram que suas empresas precisam fazer mais para proteger a saúde mental. E, adivinha? O número no Brasil é acima da média global: 84%.
Podemos dizer que “ter” saúde mental é estar bem consigo mesmo e com os outros. É um estado de equilíbrio entre as áreas sociais, emocionais e psicológicas. Nesse estado, conseguimos lidar com as emoções e reconhecer nossos limites.
Como vimos, a falta de saúde mental impacta sobre a produtividade e a assiduidade no trabalho. Enquanto preveni-la ou tratá-la resulta em um retorno de 4 vezes o valor investido.
Além disso, o cuidado com a saúde mental tem se tornado uma vantagem competitiva, já que metade dos millennials e 75% da geração Z afirmam que já deixaram empregos por motivos de saúde mental. Ou seja, empresas com planos sólidos de promoção à saúde mental vão conseguir reter os melhores profissionais.
Ainda assim, um estudo conduzido pela Cortex, referência em inteligência de vendas B2B na América Latina, identificou que apenas 5,6% das empresas brasileiras mencionam benefícios relativos à saúde mental em suas descrições de vagas de emprego.
E somente 2,3% das vagas mencionavam de forma explícita serviços de apoio à saúde mental nas empresas, como terapia online e aplicativos de meditação.
Esses dados corroboram para a necessidade de quebrar os tabus que dificultam a discussão do tema saúde mental no trabalho e a implementação de ações concretas e efetivas em mais empresas.
Quando tratamos de saúde mental como tema dentro das organizações, a expressão que se destaca é “segurança”. É essencial gerar um ambiente de segurança para o colaborador.
Deve-se desenvolver ações estruturadas de acolhimento, gerando um ambiente de trabalho onde o colaborador possa desenvolver sua carreira da melhor forma.
Isso significa garantir que as pessoas receberão apoio e recursos para realizarem a entrega de valor do negócio.
Entre essas ações, criar momentos de conversas significativas sobre o tema qualidade de vida e bem-estar. Veremos mais dicas a seguir:
As empresas podem trabalhar de diversas maneiras para a construção desse ambiente seguro e de desenvolvimento. Algumas dicas são:
A comunicação é fundamental dentro das relações de trabalho. Além de alinhar expectativas, permite que o colaborador se planeje em relação à carreira e ao futuro próximo. Uma comunicação interna eficaz também deixa toda a equipe atualizada sobre mudanças no planejamento ou na empresa.
Ambientes que impossibilitam a comunicação espontânea, a manifestação das insatisfações e que os colaboradores façam sugestões em relação à organização estão entre os contextos geradores de sofrimento no trabalho.
Gestores abertos a ouvir respeitam a liberdade do colaborador como indivíduo e constroem relações mais saudáveis. Consequentemente, proporcionam segurança para o colaborador se expressar e buscar ajuda.
Em uma pesquisa recente realizada pela Caliandra Saúde Mental com 333 pessoas, 70% dos profissionais apontaram o sentimento de vergonha ou insegurança como entrave para que pessoas com transtornos mentais busquem ajuda.
Por isso é essencial melhorar a abordagem sobre saúde mental no trabalho com a adoção de uma cultura mais aberta e franca.
A comunicação da empresa é inclusiva? A falta de iniciativas de inclusão pode provocar o isolamento social e reduzir a rede de apoio dos colaboradores dentro do ambiente de trabalho.
Inclua canais onde as pessoas possam ser acolhidas e que tenham caráter confidencial.
Ofereça suporte social. Você pode fornecer parcerias com empresas de serviço de saúde, como terapia online, por exemplo, e divulgar de forma explícita e proativa, para conhecimento de todos.
Muitas vezes, essas comunicações se limitam a cartazes ou e-mails formais, sem incentivo ou conscientização sobre os serviços.
Realize programas de promoção à atividade física e à alimentação saudável.
Conscientize os colaboradores sobre a temática saúde mental por meio de recursos educacionais, como palestras, cartilhas, pesquisas.
A flexibilidade da jornada de trabalho permite às pessoas fazerem uma autogestão do tempo e da produtividade, programarem o próprio ritmo de trabalho e o turno em que estão mais produtivas, por exemplo.
Conheça dois exemplos de ações desenvolvidas no Grupo Rhopen que visam criar uma rede de apoio aos colaboradores.
É um programa destinado a todos os colaboradores que tiveram perdas de familiares diretos (pai, mãe, filho, irmãos) de forma imediata, com o custeio de sessões de terapia com psicóloga parceiros.
Tem como objetivo apoiar todos os colaboradores em momentos de instabilidade emocional, por meio de um canal de conversas significativas com outro colaborador voluntário.
Existem alguns sinais que devem ser um alerta para a gestão sobre a saúde mental de um colaborador.
– Tendência ao isolamento, ausência de comunicação;
– Faltas constantes;
– Queda repentina na produtividade;
– Alterações de humor;
– Irritabilidade e tristeza;
– Mudanças repentinas de aparência.
O ambiente de trabalho é um dos ambientes mais impactados quando uma pessoa está adoecida mentalmente.
Então, fique atento a todo tipo de mudança de comportamento do colaborador. Alterações de personalidade, pensamento, percepção, memória, inteligência, entre outras. E, quando necessário, apoie-o na busca de um profissional.
A presença de sintomas indica uma situação de mau funcionamento psíquico.
Porém, a ausência não significa certeza de plena saúde mental. Por isso a necessidade de ir além da aparência.
Indicadores de RH podem ajudar a medir a saúde da empresa, ou seja, como está o bem-estar dos colaboradores.
Acompanhe o índice de absenteísmo (faltas ao trabalho). Ele pode mostrar quantos dias de trabalho foram perdidos por uma possível condição de deterioração emocional. Outro para observar é o de produtividade. Quando não se está bem, automaticamente algumas entregas ficam a desejar.
Busque realizar anualmente o diagnóstico organizacional, pois ele também traz informações sobre a saúde dos colaboradores, além de outros dados úteis para direcionar ações mais assertivas.
Neste artigo, vimos que é fundamental tratar o tema saúde mental no trabalho para que os colaboradores tenham mais qualidade de vida. Isso impacta na produtividade e no lucro das empresas.
Apresentamos 6 dicas e boas práticas para o seu RH desenvolver na empresa para proporcionar um ambiente de segurança e saúde mental.
Você também conheceu indicadores que revelam dados importantes para monitorar a qualidade da saúde mental dos seus colaboradores, assim como sinais e sintomas para os quais gestores devem estar atentos.
Para qualquer uma das estratégias que serão adotadas, conte com a UseRH para te liberar do operacional e te dar mais tempo para cuidar das pessoas.
As soluções tecnológicas da UseRH foram criadas de RH para RH, e são de fácil ativação. Treine e desenvolva seus colaboradores com a plataforma da Universidade Corporativa. Faça gestão de desempenho, pesquisas e registre a jornada do colaborador com a plataforma de Avaliações. Organize o seu processo de admissão e integração com o módulo de Onboarding.
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